Ilustração de Mariângela Haddad para o livro Eu, de Hildebrando Pontes (Dimensão). |
O sumiço da pantufa, de Mariângela Haddad, é o primeiro título vencedor a ser publicado na série branca da coleção Barco a Vapor (para leitores iniciantes, a partir dos 6 anos). A história narra um caso de mistério contado a partir de diferentes pontos de vista. A cada parágrafo, sempre iniciado pelo bordão "foi assim", o foco narrativo muda, dando voz a personagens humanos, animais e até elementos inanimados, como sapatos e pantufas.
O caso é simples: em apartamento novo, para o qual se mudou recentemente uma família (casal com filha única), desaparece a pantufa da mãe. A alternância dos pontos de vista vai esclarecendo o sumiço: pai e mãe foram ao cinema e voltaram tarde da noite. No meio da madrugada, por causa de uma briga de gatos, o pai, bêbado de sono, agarra o primeiro objeto que encontra e o atira pela janela, na direção do barulho. Na manhã seguinte, não se lembra de nada. Dentro da pantufa, aloja-se um filhote de gato. Por fim, a pantufa com o gato, encontrada pelo marido da empregada, retorna a casa (para alegria da filha do casal, que exulta com o novo inquilino).
A história, circular e descontínua, alude a vários aspectos da experiência — que vão desde diferenças sociais até a desestabilização emocional causada pela perda de um objeto (a pantufa) ou de uma mãe (para o gatinho). De maneira inteligente, a trama gira como um brinquedo e vai se armando aos poucos, ao longo da leitura, com o distanciamento imposto pelo "foi assim". Uma leitura divertida que pode agradar a crianças de várias idades.
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