Bili com Limão Verde na Mão é um livro de criança para ser lido por adultos. Nada de estranho com a definição dada pelo poeta Décio Pignatari para o próprio trabalho. Quase sempre, são mesmo os adultos que leem para as crianças.
Um dos nomes fortes do concretismo no Brasil, o escritor partiu das ideias defendidas pelo movimento de vanguarda a partir dos anos 1950 para escrever “um conto sem enredo”, diminuindo a distância entre o conteúdo do que é narrado e a forma usada para narrá-lo. “Eu não queria contar uma ‘historinha’”, diz Pignatari.
Sua intenção, explica, era “fazer a concretude do texto escrito”. Chamar a atenção para a palavra e para o significado que ela carrega. É assim que, numa das páginas, quando Bili é fulminada por um ataque de vespas, a ilustração de Daniel Bueno mostra pequenas setas pretas (como vespas) descendo em diagonal e deixando um rastro vermelho encimado por frases que, sozinhas, seriam capazes de descrever o pavor da menina: “vespa... as as asas as as asas” e “vespa... andorinha andor andorinha andor dor dor dordordor”.
Leia a matéria completa aqui.
* Foto de Marcelo Elias/ Gazeta do Povo
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.